Queda de Objetos: Uma abordagem Técnica
Da mesma forma que sabemos que problemas técnicos e/ou mecânicos podem estar na sua origem, também podemos concluir que muitos dos incidentes envolvendo quedas de objetos têm fatores humanos na sua génese.
Queda de Objetos: Uma abordagem Técnica
A queda de objetos está na origem de inúmeros acidentes de trabalho graves e mortais em todo o mundo.
O desenvolvimento do conhecimento no que toca aos riscos e às suas formas de prevenção nos vários setores da atividade económica, a par da maior sensibilidade dos vários agentes envolvidos, faz com que sejam aplicadas, nos dias de hoje, medidas mais rigorosas de controlo.
Ainda assim, os frios números e gráficos das estatísticas vão ditando, ano após ano, que há ainda trabalho a fazer, até porque o uso de ferramentas na execução de tarefas em altura representa um perigo constante para quem permaneça ou tenha de circular por baixo de quem faz esse tipo de trabalho.
As tabelas de identificação de perigos e avaliação de riscos ditam, por vezes de forma demasiado “simplista”, que a aplicação de medidas de proteção, tais como redes de segurança, rodapés nos guarda-corpos, a proibição de circulação por baixo de zonas onde sejam realizadas tarefas em altura, a aplicação de barreiras físicas de proteção, a colocação de sinalização de perigo, ou o “simples” uso de um capacete de proteção serão as medidas mais adequadas para proteger os trabalhadores. Ora, estas medidas e outras que, porventura, se entendam como adequadas, são importantes e necessárias. É de questionar, no entanto, se serão suficientes.
Mas voltemos ao início.
A queda de objetos afinal é o quê?
Na verdade, existem 2 tipos de queda de objetos:
1. Queda Estática – Queda de um objeto da sua posição inicial, por força da gravidade, sem qualquer força aplicada, como por exemplo a queda de uma peça fixa a uma estrutura que se desaperta por causa da vibração, ou a peça que caia inadvertidamente da mão do trabalhador
2. Queda Dinâmica – Qualquer objeto que caia da sua posição inicial devido a uma qualquer força que lhe seja aplicada, como por exemplo, pelo embate com equipamentos em movimento, condições atmosféricas adversas, mau acondicionamento, embate do trabalhador com os pés, por exemplo.
O que está na origem da queda de objetos?
Da mesma forma que sabemos que problemas técnicos e/ou mecânicos podem estar na sua origem, também podemos concluir que muitos dos incidentes envolvendo quedas de objetos têm fatores humanos na sua génese.
Podemos enumerar aqui algumas causas mais comuns, quando falamos em quedas de objetos:
• Incorreta identificação de perigos e avaliação de riscos;
• Fatores humanos, tais como a negligência ou o erro;
• Má organização dos locais de trabalho, incluindo falta de limpeza dos mesmos;
• Má manutenção de equipamentos;
• Uso de ferramentas desadequadas;
• Falta de atenção ao desenvolvimento técnico de soluções;
• Fatores ambientais.
A Física por de trás da queda de objetos.
As forças de impacto de um objeto em queda podem ter consequências devastadoras para um trabalhador atingido.
Por exemplo, um martelo de 2.3Kg que caia 15m tem uma força de impacto aproximada de 400Kg. Ora, um impacto destes, originará por certo danos significativos a um trabalhador atingido.
Mas serão apenas os impactos diretos o verdadeiro perigo? A resposta é não. Existe ainda a deflexão provocada pelos obstáculos existentes no percurso da queda do objeto, tonando-se este num projétil, caso embata com estes obstáculos.
A título de exemplo, uma ferramenta com cerca de 3.5kg que caia de uma altura de 14m e embata numa estrutura a 6m do chão tem um potencial de deflexão de cerca de 20m, a uma velocidade significativa e que pode estar na origem de danos humanos graves.
Quais as melhores medidas de prevenção?
Existem várias formas de prevenir o risco de queda de objetos, sendo que todas elas devem trabalhar de forma conjunta, sempre que necessário e possível.
Iniciando pelas prioritárias medidas de proteção coletiva, podemos enumerar, nomeadamente, algumas que foram já acima mencionadas, tais como os rodapés nos guarda-corpos, redes de segurança, barreiras físicas e a sinalização de segurança.
Não obstante, outras medidas podem e devem ser tomadas, tais como, os necessários cuidados com a manutenção dos equipamentos fixos em altura, a organização do trabalho fazendo com que se traga, sempre que possível, os equipamentos para manutenção ao nível do solo.
Nenhuma destas medidas, no entanto, será completamente eficaz se os trabalhadores não forem formados para terem em conta estas preocupações, nomeadamente para a constante procura da correta organização, limpeza e arrumação dos seus locais de trabalho e utilização correta das ferramentas que lhes são disponibilizadas.
Pegando neste último ponto, importa referir a grande importância que o desenvolvimento técnico tem trazido à prevenção deste tipo de riscos. De facto, existe nos dias de hoje uma grande variedade de acessórios específicos para prevenção de queda de materiais e acessórios, ao dispor de quem exerça atividades em altura.
Os acessórios de proteção contra queda de materiais, permitem ao trabalhador trazer amarrados a si, mitigando o risco de queda acidental de materiais, as ferramentas e acessórios de que necessitam para executar as suas tarefas.
Conclusões
A preocupação pela mitigação dos riscos inerentes aos trabalhos em altura, nomeadamente no que à queda de materiais diz respeito, deve estar constantemente na órbita de todos intervenientes, desde o avaliador ao executante.
Uma tomada de decisão correta nas medidas de proteção coletiva, a formação dos intervenientes, uma boa organização técnica da atividade, a correta manutenção de equipamentos e a disponibilização dos equipamentos adequados aos trabalhadores, nomeadamente os acessórios para prevenção de queda de materiais, constituem, sem dúvida, o caminho para o sucesso.
Autor:
Pedro Baptista | Coordenador do Departamento de Trabalhos em Altura
Telefone: (+351) 910 693 052 | Email: [email protected]